Ser consciente de uma coisa significa ter na cabeça a coisa e o nome que a designa. Por isso diremos, por exemplo, que o inconsciente se serve das palavras do pré-consciente para ser ouvido.
O inconsciente fala com as palavras do pré-consciente. Em outros termos, quando a pulsão inconsciente se exterioriza, ela entra na zona pré-consciente, se associa a uma palavra que lhe convém e, sob esse disfarce, torna-se perceptível para a consciência. Em suma, só perceberemos nosso inconsciente mediante nossa consciência. A consciência capta o inconsciente na forma de uma palavra surpreendente pronunciada por nossa boca ou pela de um outro.
No entanto, nessa dinâmica entre inconsciente, o pré-consciente e o consciente, onde situamos o gozo? Como ele é percebido pela consciência? Ou então, como o objeto é percebido? Justamente, o gozo é essa parte do inconsciente que, quando se exterioriza, não encontra palavras para se dizer., como se atravessasse o pré-consciente sem nele se demorar. A partir daí, como é que ele se manifesta, a não ser por excrescências mórbidas no corpo (psicossomática) ou na ação (passagem ao ato)? (Násio, 2011).
Bibliografia
NASIO, J.D. Os Olhos de Laura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2011.
