segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Joseph Campbell e o Mito do Dragão



               Joseph Campbell nos brinda com um tema intrigante, a saber, o Mito do Dragão e sua dialética com a psicanálise. 
               Campbell problematiza o "narcisismo" e as noções de ego ideal e ideal de ego utilizando-se de mitos nada corriqueiros e amiúde faltantes em grupos de estudo como é o caso do Mito de São Jorge. 
               É em sua aclamada obra "O Poder do Mito" que Campbell trata de um ego tantalizante no atrelamento com o "si mesmo" ao mesmo tempo em que aborda a função do terapeuta nesta jornada outrora escrutinada. 


             Sobre o Mito de São Jorge e o Dragão Campbell escreve: 
       
     ...estamos aprisionados em nossa própria caverna do dragão. O objetivo do terapeuta é desintegrar esse dragão, pulverizá-lo, para que você possa se expandir num campo maior de relacionamentos. O último dragão está dentro dentro de você, é o seu ego, pressionando-o.
"Psicologicamente, o dragão é o atrelamento de si ao seu próprio ego".

             Para Campbell o ego seria tudo o que você pensa querer, aquilo em que deseja acreditar, o que você acha poder enfrentar, o que você decide amar, aquilo que se julga ligado. Em psicanálise sabemos o quanto um indivíduo que acredita ser Deus, o super-homem ou a "verdade em pessoa" pode prejudicar-se em seus relacionamentos sociais, familiares, etc...
             Campbell minuta serem os dragões do Ocidente os representantes da cobiça. Neste sentido, para o mitólogo, o dragão de nossas histórias procura juntar e acumular coisas, todas para si mesmo. "Ele guarda essas coisas na caverna secreta: pilhas de ouro e, quem sabe, uma virgem raptada. Ele não sabe o que fazer com o outro nem com a virgem, por isso se limita a guardá-los."
          Nas pesquisas de Campbell fica claro que Buda não mostrava a verdade em si, mas o caminho que leva a ela, porém, sempre ressaltando que precisa ser o seu caminho, não o de Buda. Na relação com a terapia, o terapeuta lhe ajudará a encontrar o caminho, mas o seu caminho não é o do terapeuta, é o seu próprio caminho até lá embaixo, na morada do seu dragão interior, o caldeirão tantalizante da angústia, que o terapeuta lhe ajudará a ligar possibilitando o analisando falar de seu próprio desejo.

           
            Em breve falaremos sobre uma das Vicissitudes do Afeto:                                                                                 "                      "quando ele se liga a uma nova idéia"